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Carta aos liberais-conservadores: cinco ideias para iluminar quatro anos de escuridão

Tristeza, raiva, vergonha, decepção, indignação … esses foram alguns dos sentimentos que compartilhamos após o resultado da eleição presidencial de 2022. O ex-presidente, outrora condenado e preso por corrupção, Luiz Inácio Lula da Silva foi reeleito para um terceiro mandato como presidente do Brasil com apenas 50,9% dos votos válidos, a menor votação da história das eleições desde a retomada do modelo atual em 1989. No dia 30 de outubro de 2022, acordamos em um país de virtudes e fomos dormir em um país sem caráter.

Não obstante o aspecto moral de eleger alguém que cumpriu pena por corrupção, o que certamente corrói nosso orgulho pátrio e escancara a falência da sociedade brasileira, a eleição de um governante estatista e progressista jogará por água abaixo diversos ganhos conquistados recentemente pelos brasileiros, em especial após a eleição de Jair Bolsonaro em 2018. A reforma da previdência, concessão de projetos de infraestrutura, privatização da Eletrobras e de diversas outras estatais, marco regulatório do saneamento, marco regulatório das ferrovias, marco regulatório das start-ups, lei da liberdade econômica, autonomia do Banco Central … tantas conquistas que não foram devidamente lembradas nem apreciadas nos últimos anos, talvez por estarem aquém das metas ambiciosas estabelecidas no início do mandato, ou até mesmo pelas narrativas sempre pessimistas criadas pelos grandes órgãos de imprensa, doravante carinhosamente denominado apenas como o “Consórcio”.

O fato é que a partir de janeiro de 2023 o Brasil será governado novamente por uma esquerda retrógada, que carrega o progresso apenas no nome, e que na prática prega a divisão do país, o discurso de ódio, a concentração de riqueza e o aumento do estado. Como liberais e conservadores, convivemos por 14 anos com o modelo infeliz conduzido pelo Partido dos Trabalhadores, cujo resultado já conhecemos: corrupção, ineficiência, aumento do desemprego e recessão econômica. Cabe a nós, como bons seguidores da lei, defender o Brasil do atraso petista e buscar a vitória nas próximas eleições presidenciais. Não há espaço para pessimismo: a eleição de Lula deve servir como motivação para aprendermos com os erros cometidos pela Direita e seguirmos em frente para a construção de uma sociedade mais livre e próspera.

Para tanto, logo após o resultado do pleito de 31 de outubro, pensei em 5 proposições a serem seguidas pelos liberais e conservadores durante os difíceis 4 próximos anos que avizinham, sempre com o intuito de nos fortalecer e preservar as tradições dos valores que acreditamos e que fizeram um país mais próspero nos últimos anos.

1. União:

Após a eleição de Jair Bolsonaro, alguns liberais romperam com o governo e passaram até a trabalhar pelo impeachment do presidente, muitas vezes em conjunto com partidos de esquerda. Esse movimento acabou influenciando o voto nulo nesta última eleição (e em algumas vezes até o voto em Lula de alguns antigos liberais). Passado o desastre de 30 de outubro, é importante que liberais e conservadores se unam em um consenso, afinal, o nosso adversário é comum. Para as próximas eleições, a direita precisa chegar unida, sem resistências internas, no intuito de centralizar no próximo candidato liberal e conservador a maioria dos votos dos brasileiros.

2. Organização Partidária:

Outro ponto diretamente relacionado ao anterior é a necessidade de organização de liberais e conservadores em um partido único, não fisiológico, que possa fortalecer a oposição ao próximo governo de esquerda, bem como criar território para reformas liberais após a eleição de 2026. Atualmente, segundo algumas pesquisas de opinião, a maior parte dos brasileiros se identifica com ideais de direita. No entanto, não possuímos um partido político com essa identidade, como a esquerda dispõe há muito tempo do Partido dos Trabalhadores.

Na última eleição, vários estados brasileiros tiveram como deputados mais eleitos representantes da direita alocados em diversos partidos de centro. Contudo, nosso sistema eleitoral faz com que tais votos carreguem para a Câmara dos Deputados parlamentares fisiológicos que acabam sempre se alinhando com o governo da ocasião. O Partido Liberal, que acolheu o presidente Jair Bolsonaro na última eleição, por exemplo, elegeu quase 100 deputados para a próxima legislatura. No entanto, parte desses futuros congressistas não está alinhada com os valores liberais-conservadores e podem compor até mesmo a base do futuro governo de esquerda. Um partido liberal-conservador organizado, poderia, por exemplo, ter eleito uma totalidade de políticos de direita que não se renderiam às facilidades oferecidas pelo governo em questão e se entrincheirariam em uma oposição forte em benefício do nosso país.

3. Mídia e Comunicadores Independentes:

Uma imagem marcante na última eleição foi a comemoração efusiva de jornalistas da redação da Globo após a eleição do outrora condenado Lula. Há muito tempo, já havia uma impressão por parte da população brasileira da parcialidade dos veículos do Consórcio em favor de pautas progressistas e de candidatos de esquerda, com matérias sempre contrárias às medidas liberais do último governo. Boatos e notícias falsas são métodos cada vez mais comuns utilizados pelo Consórcio e isso infelizmente acaba por influenciar parte da população. Em uma última pesquisa da Reuters, por exemplo, metade da população brasileira diz confiar na imprensa e em suas opiniões. Dado esse cenário, é importante acompanhar cada vez mais os poucos veículos de direita existentes, bem como comunicadores independentes com viés liberal e conservador.

Chega a ser curioso o fato de um país majoritariamente de direita contar com uma maioria de veículos de esquerda, notadamente os integrantes do Consórcio. É hora de fazer valer nosso volume e gerar audiência para veículos que propaguem nossos ideais. Um desafio para este próximo período será vencer a censura cada vez mais presente em nosso país, por conta de um ativismo judicial que empodera nossos órgãos jurisdicionais. É papel da população se manter em alerta e sempre protestar em caso de qualquer ato de censura contra a imprensa e contra a livre manifestação garantida pela constituição.

4. Vigilância e Manifestação:

Em seu discurso após o pleito, o terceiro-mandatista Luiz Inácio Lula da Silva tratou de propagar uma nova era para o país, um período de pacificação com a unificação da nação. Esse mantra foi repetido por alguns veículos do Consórcio e diversos parlamentares. Ocorre que esse anúncio difere da realidade brasileira, onde 50% da população rejeita fortemente o terceiro-mandatista. O que Lula quer é certamente o governo pelo qual se acostumou no início dos anos 2000, com uma ampla maioria no Congresso e forte apoio da sociedade. Consciente das consequências desse excesso de poder para a esquerda, o Brasil não pode cair no mesmo erro do início deste século e deve se manter vigilante.

Precisamos organizar uma forte oposição ao próximo governo e aos seus já anunciados projetos de aumento do estado e de concentração de renda. A reestatização de estatais, a volta do imposto sindical e o fim da reforma trabalhista devem ser alvos de duros protestos por parte da população. Cada ato do próximo presidente deve ser acompanhado de perto, até porque não se sabe se os veículos do Consórcio serão benevolentes com o próximo governo. Em caso de cometimento de crimes, o que pode ocorrer dado o histórico de conduta de integrantes do Partido dos Trabalhadores, pedidos de impeachment devem ser feitos e apoiados pela população brasileira.

Devemos ser uma oposição ativa para evitar que as tragédias trazidas pelo governo petista em 2015 (como uma recessão de 7% e um desemprego de mais de 10%) não se repitam antes de 2026, quando felizmente a direita terá a oportunidade de retomar a presidência da república.

5. Liderança:

Por fim, é importante que a direita organize futuras lideranças capazes de derrotar de vez o petismo e afastar a possibilidade de um quarto mandato de Lula. Idealmente, precisamos buscar um candidato leal aos valores liberais e conservados, mas que possua um baixo índice de rejeição, além de carisma para alcançar votos em diversas regiões do país.

Ao contrário do Partido dos Trabalhadores, que há mais de 40 anos trabalha com o mesmo candidato, a direita precisa se reinventar e buscar nomes fortes para a vitória em 2026. Os governadores de Minas Gerais e São Paulo, Romeu Zema e Tarcísio de Freitas, respectivamente, podem assumir esse papel, mas para tanto é importante que os liberais e conservadores observem os quatro pontos inicialmente citados a fim de fortalecer os nomes de direita e enfrentar as resistências que eventualmente forem levantadas pelo Consórcio e por eleitores de centro.

Apesar de o resultado de 30 de outubro representar um duro golpe para o desenvolvimento do Brasil, não é hora de derrotismo. Parafraseando Winston Churchill, o sucesso não é final e o fracasso não é fatal, mas a coragem para continuar em frente é que deve ser levada em conta. O próprio Churchill foi derrotado de forma surpreendente por um trabalhista após liderar os britânicos para a vitória na Segunda Guerra Mundial. Não obstante, retornou ao poder mais forte no mandato seguinte e garantiu mais de uma década de governo para os conservadores.

Passado o choque do retorno dos esquerdistas ao poder, é hora de unirmos em torno das ideias que acreditamos para retirar o país do caminho da servidão e retornar o Brasil para o caminho da prosperidade.

Thiago Porto

Ex Diretor e  honorário do Instituto de Formação de Líderes de Belo Horizonte